A importância da coleta e do tratamento do esgoto na saúde da população

ETE - Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2025


A importância da coleta e do tratamento do esgoto na saúde da população

As chamadas doenças de veiculação hídrica são aquelas causadas por microrganismos patogênicos presentes na água e estão associadas à falta de saneamento básico adequado. Para relembrar e demonstrar a relação dessas enfermidades com a situação da coleta e do tratamento do esgoto, apresentamos informações de alguns municípios mineiros, obtidas no Painel Saneamento Brasil, de 2022 (ano mais recente já disponibilizado pelo site).

A simples coleta do esgoto, que consiste no seu transporte e afastamento para longe das residências, já contribui significativamente para melhoria das condições de saúde da população. Entretanto, a coleta associada ao devido tratamento, que é o processo de remoção das substâncias nocivas e poluidoras do esgoto, se mostram mais efetivas, não apenas para o meio ambiente, mas também para a saúde das pessoas, conforme mostrado adiante.

É importante destacar que, além do esgoto, o adequado abastecimento de água e os bons hábitos de higiene da população possuem papel fundamental na redução dessas doenças, aqui medidas em número de internações e óbitos. Entretanto, vamos tratar apenas do componente referente ao esgotamento sanitário que, embora nem sempre reflita uma relação direta com o aumento ou a redução dos índices das doenças, pode contribuir para seu agravamento.

Assim, ao se analisar os dados de municípios agrupados em categorias semelhantes em termos de população, economia, desenvolvimento humano e/ou tipo de prestação de serviços básicos, a Tabela abaixo mostra a relação entre esgoto e saúde de formas diversas, mas interligadas. 

Como exemplo, no primeiro grupo de municípios (Viçosa, Cataguases e Timóteo), os números de internações mais elevados foram atribuídos ao município com alto índice de coleta e quase nenhum tratamento (Viçosa), juntamente ao município com pouco tratamento e moderada coleta (Cataguases). Em outra comparação, entre Mariana e Ouro Preto, municípios equivalentes em economia e qualidade de vida e onde praticamente não há tratamento do esgoto, o elevado índice de coleta de Mariana refletiu uma queda de 50% nas internações em relação a Ouro Preto. Entre outros municípios mais aleatórios que associam a coleta com o tratamento, como Curvelo, Lagoa Santa e Itabirito, tanto o índice de coleta como o de tratamento mostraram uma resposta direta na quantidade de internações por doenças de veiculação hídrica, visto que o município com menor número de internações foi aquele que mais coletou e mais tratou seu esgoto.


 

Tabela – Relação esgoto e saúde da população de alguns municípios mineiros, conforme dados do Painel Saneamento Brasil, 2022.

Município

Esgoto (%)

Saúde (nº)*

Coletado

Tratado

Internações

Mortes

Viçosa

92,4%

0,8%

26

1

Cataguases

77,4%

24,4%

26

0

Timóteo

95,3%

56%

19

2

     
     
Ouro Preto

55,4%

0,6%

14

1

Mariana

90%

0%

7

0

     
     
Curvelo

74,8%

67,9%

7

1

Lagoa Santa

47,4%

44,6%

13

0

Itabirito

88,7%

69,9%

5

0

*Referente a doenças de veiculação hídrica


 

SAAE


Viçosa